Giovanna Antonelli: "Só admito ser 100% feliz"

O alto astral é a característica mais marcante da atriz que aos 33 anos e mãe de um filho de quatro, diz que nunca se sentiu tão bonita. a seguir, ela fala sobre traição, maternidade, sonhos e sua relação com dinheiro e sexo.



Enquanto muitas atrizes têm fama de difíceis de lidar, Giovanna Antonelli é conhecida pelo bom humor. Amigos, colegas de trabalho e equipe técnica a definem como uma pessoa alegre — característica que, para mim, se confirmou no dia em que fui entrevistá-la. Era terça-feira e Giovanna havia acordado às seis da manhã para viajar do Rio, onde mora, até Angra dos Reis, onde foram gravadas as cenas da novela das oito, Viver a vida, em que sua personagem Dora começava a se envolver com o galã vivido por José Mayer. Além das três horas de viagem, foram mais cinco de gravação e pelo menos uma hora com cabelo e maquiagem. Depois de um almoço rápido, a atriz pegou a estrada de volta ao Rio. Mesmo visivelmente cansada, chegou ao estúdio no fim da tarde com o sorriso rasgado e uma simpatia genuína, abraçando e beijando todos. E o bom humor continuou até as 23h, quando acabaram as fotos e a entrevista. O carinho de Giovanna com o filho, Pietro, 4 anos, do casamento com o ator Murilo Benício, também ficou evidente naquele dia. Não só falou sobre ele a cada história que contava como também falou com ele várias vezes por telefone. Na última ligação, por volta das 20h30, na qual ele reclamava de sono e saudade da mãe, ela fez um acordo: “Vamos combinar assim: você vai deitar na sua caminha agora e, quando a mamãe chegar, eu te pego e te levo para dormir comigo na minha cama, abraçadinho. Não é bom? Sim, e amanhã te levo para a escola”. O menino obedeceu e ela seguiu tranquila até o dia de trabalho terminar. O amor pelo filho — quase uma fixação, segundo ela — só aumenta o desejo de Giovanna de ser mãe novamente. É algo que, diz, está nos planos dela e nos do namorado, o empresário Arthur Fernandes, com quem está há dois anos. A seguir, a atriz assume que já ficou doente de saudade do filho, confessa que a fase mais feia da sua vida foi durante a gravidez e diz que acha casamento de papel passado “uma regra babaca da sociedade”.

Filhos
Amo a função de mãe, foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. O Pietro é minha prioridade sempre, em toda e qualquer situação. Tenho fixação por ele. A primeira vez em que ficamos longe, ele tinha só dois aninhos e eu tive de ir para a Amazônia fazer a minissérie [Amazônia, 2007]. Tinha planejado levá-lo, mas achamos a estrutura lá complicada para uma criança pequena, então minha mãe foi pra casa ficar com ele. Foram 15 dias e eu fiquei doente. Literalmente. Caí de cama com febre, acharam que era malária. Mas era saudade. Hoje, não passo mais de dois dias longe dele. O Murilo já está acostumado com as minhas reclamações nos dias em que fica com o Pietro. Acho que isso só vai melhorar quando eu tiver outro filho, que é algo que eu quero muito. Mas não agora. Porque não existe essa coisa de deixar rolar, né? Existe uma programação, parar de evitar e tentar. Foi assim com o Pietro. Mas agora não é o momento, acho que é hora de trabalhar, organizar a vida, curtir o Pietro. Ele me pede uma irmã, porque já tem um irmão, o Antônio [de 11 anos, filho de Murilo com Alessandra Negrini], que é o ídolo dele.

"Jamais sairia com um homem casado. O que é meu é meu"

Sonho
Além de ser mãe, eu tinha também o sonho de ter meu pedaço de terra. Há um ano e meio comprei meu sítio, perto de Itaipava [região serrana do Rio]. Ah [suspira e joga a cabeça para trás], é lá que eu sou feliz. Já estamos até vendendo os orgânicos da horta: R$ 0,40 cada maço de alface [risos]! É incrível, eu mesma plantei. Adoro mexer na terra, ver o Pietro pular no lago e ser feliz. Aquele lugar me bota no eixo. Vou pra lá sempre, nem que seja para passar o dia. Aquilo é a minha felicidade, poder levar minha família, meus amigos, compartilhar o dia, abrir uma cerveja, ir todo mundo pra cozinha fazer aquela farra, um almoço gostoso, bater papo. Isso é o que eu mais gosto de fazer.

Se não fosse atriz
Nunca me imaginei fazendo outra coisa. Não tenho ideia. Desde os nove anos decidi que seria atriz e botei esse objetivo na cabeça. Meu pai cantou óperas e musicais a vida inteira, e minha mãe era bailarina do corpo de baile do Municipal do Rio, mas eles nunca me incentivaram a seguir a carreira artística. Meu irmão é advogado tributarista. Acho que cada um escolheu sua carreira por intuição e vontade. Cada um na sua área.

Casamento
Tenho horror a papel, sabia? É o quê? Pra dizer o quê? Pra que serve o papel? Escrever ali tem alguma garantia, vai aumentar o amor? Eu acho que estraga a relação, acho que impõe regras que não existem. Quem inventou isso? É uma regra babaca inventada pela sociedade. Eu realmente não entendo a função do papel, o que é estar casada com uma pessoa no papel? O que é diferente de estar com uma pessoa, morar com ela, ter filhos, dividir a vida? Acima disso tem um parceiro que é seu amigo, é seu cúmplice, isso vale muito mais do que um papel. As atitudes do dia a dia. Um relacionamento tem de ser isso, não pode ser diferente. O compromisso é a palavra, o amor, o sentimento, isso vale mais do que qualquer papel que você rasga, some, perde, queima...

Arrependimento
Não me arrependo de nada, de nenhum relacionamento. Quando eu saio de uma relação, parece que deleto tudo o que aconteceu. Em qualquer relacionamento, não consigo lembrar depois como eu vivi com aquela pessoa, como eu beijava, não consigo. Talvez seja um mecanismo de defesa. Mas eu não tenho arrependimento de nada na minha vida. Foi tudo como tinha de ser. E às vezes as coisas não dão certo. Por milhões de fatores. [Sobre o casamento de quatro meses com o americano Robert Locascio] Não dá para culpar a distância. Isso não separa ninguém. Hoje só admito ser 100% feliz. Ponto. Se eu estou errada, tudo bem, pago as consequências dos meus atos, sou mulher com M maiúsculo para isso, faço, desfaço e assumo. Estou pouco ligando para o que os outros vão achar, de verdade. Eu quero viver verdadeiramente, jamais aceitaria um relacionamento hipócrita. Isso não existe pra mim.

Traição
Eu jamais sairia com um homem casado. O que é meu é meu, eu não gosto de dividir com ninguém. Não tenho esse espírito aventureiro. Gosto de ter uma vidinha regrada, caseira, filhinho, familinha. Enlouquecer quando eu quiser e ter o meu trabalho, ser dedicadíssima a isso. Eu sei que isso é atingir a perfeição, mas é o que eu busco para a minha vida. Essa coisa de cara casado eu não curto, mesmo. É encrenca. Depois que a gente vai amadurecendo, só de olhar a gente já sabe onde vai dar, né? É uma coisa boa e ruim da maturidade. Boa porque você se livra de roubada e sofre menos, e ruim porque você constata as coisas, então vive com menos ilusões, idealizações e sonhos em relação às pessoas.

Solidão
Gosto de estar cercada de gente, família, amigos, meu filho. Não gosto do som do silêncio. Mas não dependo de estar com alguém para estar bem, não tenho mais aquela carência que eu tinha em relação a namorado. Talvez o meu filho tenha preenchido esse vazio. Eu tinha tanto amor pra dar, sempre me doei tanto com amizades, família, relacionamento, trabalho... e meu filho é alguém que precisa desse meu amor todo pra sempre.

"faço, desfaço e assumo. não ligo para o que vão achar"

Sexo
Ah, é fundamental, né? É um prazer do corpo, do ser humano. Sou a favor... [risos]. Eu sempre fui à vontade e solta para experimentar o que eu quis, mas não tenho curiosidades além do sexo com parceiro. Não tenho fantasias sexuais, por exemplo. Gosto de sexo com amor.

Beleza
Durante a gravidez, me senti feia. Não acho bonito mulher grávida, poucas ficam harmoniosas. Eu não me gostei grávida, pela primeira vez na minha vida engordei. Foram 22 quilos. Aquilo era uma novidade pra mim, além da barriga, eu engordava para todos os lados. E depois do parto as coisas não voltam para o lugar, não, como dizem. Depois que o Pietro nasceu, foi a primeira vez em que realmente fiz dieta. E tive de aderir de vez ao hábito de malhar, que eu não tinha. Eu começava as coisas e largava, não levava a sério, era sedentária mesmo. Mas depois da gravidez aprendi que não posso largar nunca mais. Há dois anos faço pilates todos os dias. Hoje considero a melhor fase da minha vida, me sinto mais bonita. Muito mais do que quando tinha 23. A gente se aceita mais. Além disso, vira mulher de verdade, as pessoas nos enxergam como uma mulher por inteiro, não só corpo, mas inteligência, opinião, atitude.

Plástica
Fiz uma lipo depois da gravidez, mas acho que sou muito nova para pensar em outras plásticas. Não sou contra, só acho que não se pode perder a noção. Ainda mais hoje, que as mulheres têm começado a pensar nisso tão cedo, meninas já se desesperam com rugas, fazem botox aos 20 anos...

Medo
Avião [arregala os olhos e coloca as mãos sobre a boca]. Nossa, avião! Claro que a gente tem inseguranças, tem essa violência toda. Mas medo mesmo, essa coisa que me tira o controle, é avião. Acho que talvez seja porque sou controladora demais, estou sempre controlando as coisas à minha volta. E lá em cima, no ar, não controlo nada [risos]. Claro que é impossível controlar tudo, mas a gente tem uma ilusão, engana o cérebro, faz ele pensar que está com o controle. Mas num avião isso é impossível. Já começo a suar frio antes de entrar, é um horror. Hoje tomo um calmante antes de embarcar. Não tomo remédio nenhum, mas essa coisa de voar é tão barra-pesada pra mim que prefiro dar uma chapadinha.

Sucesso
É você conseguir ter uma vida feliz, em paz, conquistar diariamente a harmonia. Eu acho que isso é sucesso. Saúde e harmonia são a base de tudo o que você constrói na sua carreira e o dinheiro ralado que você ganha também. Porque nada vem fácil, né? Uma carreira pode durar um mês ou uma vida inteira, depende de como você encara e planeja. Eu sempre tive metas e objetivos desde que comecei a minha carreira, há 22 anos. Comecei com 11, aos 13 já era assistente de palco do programa da Angélica na TV Manchete. Naquela idade eu já tinha até carteira assinada!

Dinheiro
É bom para trazer uma vida confortável. Eu não desejo ganhar na loteria nem nada disso, desejo ter dinheiro suficiente para dar uma boa criação para o meu filho, para poder ter prazer com meus amigos, com a minha família. Mas eu não sou uma pessoa gananciosa, não quero comprar um avião. Eu quero criar minhas galinhas, vender minhas alfaces orgânicas a R$ 0,40 [risos]. Não penso em ter uma fazenda. Para mim, meu sitiozinho está perfeito.

Luxo
Ter uma terra sua, só sua. Eu olho para o meu cantinho e falo: “Cara, isso é meu?! Essas árvores são minhas, isso tudo é meu?” Eu acho que isso é um luxo. Uma água mais pura, um ar menos poluído do que o da cidade, poder proporcionar isso a minha família. Além, é claro, de trabalhar no que eu amo, no que planejei.

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