Giovanna Antonelli fala de seu reencontro com Maneco

Giovanna Antonelli exibe com um sorriso largo a satisfação que está sentindo com sua atual personagem, a liberada Dora, em “Viver a Vida”, da Globo. Mas felicidade não é mesmo uma coisa feita para ser escondida. Passaram-se dez anos desde que Giovanna trabalhou com Manoel Carlos na trama que destacou a atriz na carreira dramatúrgica. Em “Laços de Família”, ela roubou a cena ao viver a prostituta de classe média Capitu. O reencontro com Manoel Carlos tanto tempo depois é uma espécie de alívio. E evoca bons planos para o futuro. “Foi o personagem que fez a minha carreira. E, quando o Maneco me chamou para fazer Viver a Vida, aceitei na mesma hora. Estou feliz em voltar a trabalhar com ele e só espero coisas boas daqui para a frente”, empolga-se, piscando os olhos com força.

E o mesmo sucesso que Capitu fez em 2000, Giovanna espera repetir com a atual personagem. Pelo menos, Dora já começa a trama com atitudes polêmicas, que despertam comentários do público. A personagem de Giovanna se envolveu com Marcos, de José Mayer, e pode estar esperando um filho do empresário, que é casado com a modelo Helena, de Taís Araújo. Com isso, as atenções se voltam para a mãe fictícia da pequena Rafaela, vivida por Klara Castanho. E a possibilidade de desviar a atenção da protagonista mais uma vez deixa a atriz sem jeito. “Eu e Taís temos muito carinho uma pela outra. A concorrência é só pelo Marcos”, desconversa aos risos.

Viver a Vida’ marca seu reencontro com Manoel Carlos. Como é trabalhar novamente com o autor que escreveu seu personagem de maior sucesso na carreira?

Giovanna Antonelli - O Maneco foi inesquecível na minha carreira. Ele acreditou em mim, me deu a oportunidade de fazer esse personagem incrível, que foi a Capitu. E, depois disso, tudo aconteceu na minha carreira. Sei que Laços de Família foi um marco, um divisor de águas do meu trabalho. Demorou dez anos para que eu e Maneco trabalhássemos novamente, mas finalmente estamos juntos. Foi uma surpresa deliciosa esse reencontro.

 De que forma aconteceu esse convite para viver a Dora?

Giovanna Antonelli - Eu ainda estava fazendo “Três Irmãs” e nem estava pensando no próximo personagem ainda. Em fevereiro, o Jayme Monjardim e o Maneco me ligaram perguntando se eu toparia entrar na novela. Eu fui com tudo. Não deu tempo nem de fazer um charminho, dizer que estava cansada. Meus olhos brilharam na hora. Aceitei o personagem sem saber do que se tratava. E estou muito feliz em estar de volta às oito.

Você tem preferência por uma determinada faixa da programação?

Giovanna Antonelli - De forma alguma. Mas é que eu gosto de mudanças. Fazer uma novela das sete foi diferente. E eu classifico a Alma, de “Três Irmãs” como o personagem que mais curti fazer em toda a minha carreira. Ela era tudo o que eu queria naquele momento, que era fazer comédia. Eu já tinha feito tantas mocinhas lutadoras, sofredoras, apaixonadas e românticas e chatas, que só faltava mesmo o humor. A comédia era um lado meu que ninguém conhecia. E o que me moveu naquela hora foi a paixão que tive quando li a sinopse, sem me interessar se seria um fracasso ou um sucesso. Acreditei e fiz aquilo com a maior garra. E sair desse papel e incorporar algo mais denso, em uma novela das oito é um diferença enorme.

 E o que mais te impressiona em “Viver a Vida”?

Giovanna Antonelli - Essa coisa do humano dentro da trama no Maneco é algo que me desperta vontade de trabalhar. Digo isso porque é algo que vejo como uma filosofia de trabalho. Premissa básica quando começo a estudar meus personagens é humanizá-los. Acho que para ele se tornar mais crível possível, para acreditar no que estou fazendo e, para o público acreditar também. Quando tenho essa confiança mútua, acho que posso ir para onde quiser. E não tem nada melhor estar em uma trama tão real, que instiga o público.

 A Dora tem, aliás, despertado polêmica entre os telespectadores por esse jeito meio libertino de ser...

Giovanna Antonelli - Eu falo que ela é uma Gabriela moderna. É um personagem com tanto frescor e palpável ao mesmo tempo. Tem a história dela nunca parar em um lugar só, viver para a filha e ser parceira dela. E ainda tem a questão do triângulo amoroso com o personagem do Jose Mayer e da Taís Araujo. Ela apronta muito (risos). Acho que o interessante na novela é ser mesmo uma caixinha de surpresas. E a opinião do público vale, e muito. Funciona como uma troca. E o autor deve, logicamente ouvir a voz do povo.

Mesmo com as atitudes da Dora, você acabou desbancando a mocinha da trama, sem ser, ao mesmo tempo, uma espécie de vilã...

Giovanna Antonelli - Minha meta é trabalhar. Não gosto de ser odiada, mas se eu pensar no lado profissional, gosto de ser sim. Não tem concorrência entre a gente fora da novela. Eu e a Taís nos conhecemos desde os tempos da Rede Manchete e temos um carinho eterno uma pela outra. O engraçado é que nós já trabalhamos algumas vezes juntas e a última delas éramos rivais em “Da Cor do Pecado”. A Taís é uma querida.

Você tem uma versatilidade muito grande e já trabalhou ao lado de diferentes autores e diretores. Isso te envaidece de alguma forma?

Giovanna Antonelli - Sou uma pessoa que tenho muito carinho por todo mundo. Realmente me dou muito bem com as pessoas que eu trabalho, gosto muito de dar e receber carinho, fico amiga e sofro quando a novela acaba. O que acontece é que esbarro com os diretores nos corredores e a gente promete que um dia vai trabalhar junto. Com o Dennis Carvalho foi assim. Demorou 11 anos até a primeira novela. E, depois que terminou, brincamos que nunca vamos nos abandonar. Jorginho Fernando foi igual. São pessoas que vão passando pela nossa vida e, por mais que você encontre uma vez por ano, você guarda a paixão e a vontade do reencontro. E tem que trabalhar com todo mundo mesmo. Eu busco sempre o novo, o velho, a releitura do velho. Eu quero trabalhar, conhecer mais gente e repetir o que amei fazer.

Em mais de 20 anos de carreira, você já interpretou diferentes arquétipos. Já pensou que está preparada para aceitar qualquer trabalho?

Giovanna Antonelli - A gente sempre acha que pode fazer qualquer coisa. Às vezes a gente tem êxito e às vezes não. Mas confio muito na minha dedicação e no meu esforço. Acho que fazer a Alma, por exemplo, foi um risco, onde acreditei e até o último capítulo estudei o personagem. E me impus limites até onde eu iria. Sei que tenho de ter muita disciplina para saber arriscar e também conduzir o trabalho. Acredito muito na troca de autor e ator, através das mãos do diretor. O gol acontece a partir daí, e é isso que faz a gente crescer.